O reajuste salarial de 5%, decidido pelo governo, para os servidores públicos federais foi recebido negativamente pelas forças de segurança. Classificado como “desapontamento” pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), os agentes ressaltaram que a medida aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) faltará com o compromisso assumido com a categoria.
“Caso venha a se confirmar [o reajuste salarial, o sentimento irá superar o desapontamento, pois anulará um compromisso público com os homens e mulheres policiais, e com a sociedade brasileira, que clama por uma segurança pública mais fortalecida e eficiente”, disse a entidade, em nota.
Os membros da FenaPRF reforçaram que nunca houve qualquer oposição da categoria à recomposição do poder de compra dos demais servidores federais, mas que continuarão cobrando a correção “de injustiças históricas” e “o cumprimento da palavra” por parte do governo federal.
A imposição foi sustentada pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), que manifestou preocupação com a possibilidade de que o governo federal descumpra os compromissos assumidos com as carreiras policiais, “em especial quanto à reestruturação prometida publicamente pelo presidente Bolsonaro”. Segundo a entidade, a decisão não será aceita passivamente.
“Os policiais desempenham atividade de risco permanente, inclusive com o sacrifício da própria vida, levando a segurança pública aos locais mais distantes do país, independente de adversidades. Ainda assim, ante a ameaça de descumprimento dos compromissos assumidos e a falta de transparência ao longo processo, parece que novamente a valorização da segurança pública ficará apenas em promessas de campanha”, afirmaram.
Também citando o sacrifício feito diariamente pelos policiais, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) manifestou “total indignação e repúdio” à notícia de reajuste aos demais servidores.
Caso o governo confirme a medida, os membros da entidade irão considerar uma “quebra desleal do compromisso” antes firmado com as forças de segurança.
Em nota, a ADPF afirmou que não houve ações concretas por
parte do governo que demonstrassem respeito ao trabalho policial, inclusive em relação ao suporte das famílias que perderam parentes durante as operações. “A Polícia Federal e os policiais federais precisam ser valorizados e a segurança pública tratada efetivamente como prioridade e não objeto de discursos vazios ou um slogan de campanha.”
Reajuste aos servidores federais a partir de julho
Na tarde de ontem (13.abr), o governo federal decidiu atribuir 5% de reajuste salarial a todos os servidores federais a partir de julho. A medida teria um impacto de cerca de R$ 6 bilhões no orçamento deste ano, valor acima do R$ 1,7 bilhão previsto para os supostos aumentos. A equipe econômica, portanto, segue avaliando como poderia viabilizar o montante transferindo para o aumento.
Desde o fim de 2021, Bolsonaro sinalizava a possibilidade de conceder reajustes apenas a profissionais da segurança pública. Seriam contemplados integrantes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Penal e do Departamento Penitenciário Nacional. O plano não agradou os servidores de outras áreas, fazendo com que muitas categorias iniciassem períodos de greve.
Confira a íntegra das notas enviadas pela FenaPRF, APCF e ADPF
FenaPRF
“A ADPF não se opõe a quaisquer reajustes aos demais servidores públicos. No entanto, é preciso ressaltar que este Governo não está reconhecendo o sacrifício feito todos os dias pelos Policiais Federais que mesmo durante a pandemia continuaram atuando firmemente e batendo recordes de operações, ainda que com déficit de efetivo, trabalhando em constante sobreaviso, sem assistência psicológica ou sequer plano de saúde implantado.
Os policiais federais precisam ser valorizados e a segurança pública tratada efetivamente como prioridade e não objeto de discursos vazios ou um slogan de campanha.”
Fonte: SBT NEWS
